A estátua da poetisa Cora Coralina, inaugurada nesta terça-feira (20) na cidade de Goiás, provocou polêmica entre moradores. A estátua da artista plástica Mariana Jácomo foi colocada na Ponte da Lapa, na Avenida Sebastião Fleury, a avenida beira-rio, e apresentada ao público durante o lançamento do Ano Cora Coralina, como parte das comemorações dos 130 anos da poetisa. Participaram da apresentação a filha de Cora, Vicência Bretas Tahan, o governador Ronaldo Caiado e a prefeita de Goiás, Selma Bastos.
A polêmica ocorre pela forma como a artista escolheu para retratar a homenageada. Tem quem gostou e quem não gostou. Os críticos dizem que a estátua não expressa a poetisa. Observam que falta proporção à obra – a cabeça é pequena em relação ao corpo – e que as feições não lembram a retratada. Quem gostou, entre eles a prefeita, acham que a artista apresentou sua própria visão de Cora e que isso tem de ser respeitado.
“Não é uma estátua-retrato, é uma releitura minha da imagem da Cora”, explica Mariana Jácomo à Sagres 730. Mariana escolheu uma técnica muito popular na cidade, e moldou sua Cora em argila. Depois cobriu-a com pintura a frio. “Pensamos em uma imagem dela mais leve. Cora tinha uma expressão endurecida pelo tempo. Até esbocei um sorriso para deixá-la mais leve”, afirma Mariana, que é fotógrafa, além de artista plástica, e trabalha na prefeitura da cidade de Goiás.
“Levei um susto quando vi. Não é como a gente a vê [referindo-se à Cora Coralina], mas temos de respeitar a visão do artista”, afirmou à Sagres Rúbio Tahan, filho de Vicência, a única filha viva da poetisa e que acompanhou os festejos desta terça-feira em Goiás ao lado da mãe. Rúbio entende que cada pessoa tem sua própria imagem da poetisa e respeita essa individualidade. “[A estátua] foi uma demonstração de carinho. O artesão fez aquilo que está dentro dele. Não é um retrato”, disse.
A ideia da estátua foi da prefeita Selma Bastos, informa sua chefe de Gabinete, Raíssa Coutinho. “Ela tinha o sonho de pôr uma estátua da Cora na cidade para as pessoas sentarem-se a seu lado, fazerem fotos com ela”, disse. Selma decidiu encomendar a obra para um artista local. Mariana Jácomo é vilaboense, mora na cidade e é trineta do escultor Veiga Valle (1806–1874), famoso por suas obras barrocas que fazem parte do acervo do Museu da Boa Morte.
Segundo a chefe de Gabinete, a prefeita ficou muito satisfeita com o resultado do trabalho. Ela disse que a prefeitura comprou a matéria-prima e que a artista fez a obra durante seu horário de expediente da prefeitura. “Nós pretendemos espalhar outras obras pela cidade”, informou Mariana Jácomo.
