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Pacientes relatam agressões sofridas em clínica psiquiátrica interditada: ‘Lá é um inferno’
Os pacientes que estavam na clínica psiquiátrica particular que foi interditada na terça-feira (29) em Aparecida de Goiânia relatam que sofriam vários castigos e até agressões. No local foi encontrado um alvará falso de funcionamento, além de receitas médicas em branco já assinadas por um profissional.
“Lá é um inferno. Eles judiam dos internos. Só porque eu atrasei no banheiro eles me deixaram em cárcere privado. Já tinha quatro dias, disseram que eu ia ficar 30”, disse um dos internos, que estava internado há sete meses para tratar a dependência em álcool.
Outro interno conta que viu um homem ser espancado durante uma crise de esquizofrenia. Fotos mostram o paciente com hematomas no pescoço e rosto. “Ele falou que queria sair lá para fora e os caras bateram nele demais. Chute, batia a cabeça dele no chão”, contou.
Cerca de 60 pacientes foram retirados da Clínica Restaurar e encaminhados para outras unidades. De acordo com a delegada Cybelle Tristão, a polícia, a Vigilância e os conselhos regionais de Farmácia e Medicina chegaram até a clínica depois de uma denúncia feita ao Ministério Público, informando que o local funcionava de forma irregular.
“Foram encontradas algumas irregularidades na farmácia do local, com alguns medicamentos vencidos, com algumas receitas assinadas por um médico psiquiatra em branco, receitas que eram preenchidas por um técnico em enfermagem, e alguns relatos de alguns pacientes alegando que sofriam tratamento ruim por parte do dono da clínica e também de funcionários. Esse tipo de tratamento constitui o crime de cárcere privado, lesão corporal”, disse a delegada
O advogado da clínica, Diego Bringel, informou que a clínica está regular e que tudo será esclarecido durante o inquérito. “Nós temos certeza que os peritos do IML vão apurar e vão perceber que isso não aconteceu, que não houve maus-tratos, que não houve nada do que está sendo colocado aqui”, disse.