Política
Vanderlan critica Caiado e diz que vai conversar com todos os partidos, menos com a base governista
O senador Vanderlan Cardoso (PP) reconhece que se distanciou do governador Ronaldo Caiado (DEM) no final deste primeiro ano de governo. O senador apontou uma série de desencontros entre os dois, que vão desde a forma como o presidente do diretório regional de seu partido, Alexandre Baldy, construiu a adesão do PP ao governo – na eleição o PP apoiou o candidato Daniel Caiado (MDB) –, sem conversar com ele, até divergências com políticas públicas adotadas pelo governo.
ele fez um procedimento cirúrgico e está despachando em casa há 19 dias. Ele disse que percebeu um distanciamento entre ele e o governador Caiado, mas acredita que quem estaria fomentando essa separação seriam “pessoas próximas do governador que querem antecipar 2022”.
“Eu falei sobre isso com o governador. Perguntei se era pelo meu jeito de trabalhar com independência, mas lembrei que tenho ajudado muito o Estado. Ele diz que não há nada de anormal, mas a gente percebe que há. Algumas pessoas que estão no governo levam coisas truncadas e isso atrapalha nosso relacionamento, mas Caiado acha que não está acontecendo, que não há mal-entendido, mas há”.
Vanderlan Cardoso (PP) disse que se incomodou com a forma como Alexandry Baldy conduziu a aliança com o governo, inclusive, indicando seu irmão Adriano Baldy para ser secretário de Cultura. Vanderlan diz que esse acerto não foi discutido com o partido.
Diz que independentemente do candidato que tivesse vencido a eleição de 2018, ele tinha de fazer mudanças profundas. “A agente sabia que tinha de aplicar um remédio amargos”. Apesar dessa ressalva, o senador vê erros cometidos, e cita como exemplo, o governo “colocar no mesmo balaio as empresas que recebem os incentivos fiscais, de deixar a CPI dos Incentivos chegar onde chegou e na forma como divulgou o debate sobre redução desses benefícios.
“Parece que todas as empresas estavam tirando dinheiro do Estado, mas não estavam. Claro que havia excessos na concessão de créditos, e eu mesmo fui uma das pessoas que disse isso lá atrás. Mas o governo passa à sociedade (a ideia de) que os incentivos fiscais acabaram com Goiás e isso não é verdade. Cerca de 99% das empresas com incentivos ajudaram a construir Goiás”.
Vanderlan confirmou que investe em unidades industriais fora de Goiás. Ele constrói fábricas em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Maranhão. “Nossas empresas vêm investindo há mais de 20 anos fora de Goiás. Já temos (unidades) no Pará, na Bahia; a expansão é por ano. Ele diz que não é competitivo para sua empresa produzir em Goiás produtos com pouco valor agregado para depois vende-los há 2 mil kms de distância.
Com redução dos incentivos em Goiás, diz, ele vai continuar a produzir no Estado apenas para os 7 milhões de goianos e também para o mercado de Brasília e do Tocantins. O restante vai produzir no próprio mercado consumidor. “É uma questão de sobrevivência. Vamos ampliar algumas linhas para atender ao mercado daqui, de Brasília ou no Tocantins.”
O senador criticou também a postura do governo em relação à Enel Goiás. Observa que o desmanche da antiga Celg D ocorreu durante muitos anos e que os políticos nada fizeram, quando isso acontecia. “Todos somos culpados. Todas as linhas de distribuição apodreceram, não foram feitos investimento e todos ficaram calados”. Para ele, a Enel está cumprindo o contrato que ela assinou. “Se analisar tecnicamente, ela está cumprindo. E falo tranquilamente, porque fui o primeiro a me movimentar em 2018 pedindo apoio contra o aumento da energia, mas ninguém quis fazer nada na época”. O senador afirma que hoje a Enel é a “Geni, jogam merda na Geni, mas a empresa do contrato que ela pegou, se você for analisar tecnicamente ela está cumprindo”