Saúde
Amostra de cera de ouvido ajuda a diagnosticar câncer e diabetes
Parece algo insignificante, mas a cera de ouvido, ou cerúmen, contém muitas informações. É o que explica o professor Nelson Antoniasi. “A cera de ouvido é formada por duas glândulas que existem nos nossos ouvidos, e essas glândulas secretam aquilo que nossas células produzem, de forma concentrada. É um volume muito pequeno de amostra, mas com uma grande quantidade de informações”, esclarece.
Com um estudo iniciado em 2014, pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), descobriram que a cera de ouvido pode ajudar a diagnosticar doenças como diabetes e câncer. A amostra é colocada em um equipamento e com etapas bem simples.
O processo leva no máximo 5 horas e é realizado a um baixo custo. Outra vantagem é que não é invasivo. A análise feita no equipamento sai na tela do computador.
A pesquisa é feita no Laboratório de Métodos de Extração e Separação (Lames), ligado ao Instituto de Química da UFG. Antoniasi é o idealizador e coordenador da pesquisa. O estudo foi executado pelo doutorando João Marcos Gonçalves, que explica: o exame da cera de ouvido ajuda a dizer se a pessoa tem ou não câncer, e também o estágio da doença.
Depois, são necessários exames mais detalhados para se descobrir em que órgão a doença se manifestou. “Descobrir a doença logo no estágio inicial faz toda a diferença e aumenta as chances de cura”, diz o professor Antoniasi.
O resultado da pesquisa foi divulgado em uma das mais conceituadas revistas científicas do mundo: a Scientific Reports. Renomados hospitais e algumas das principais autoridades em câncer no Brasil têm demonstrado interesse em firmar parceria e contribuir com a continuidade dos estudos, mas o professor Antoniasi está preocupado. Ele diz que os sucessivos cortes de verbas que a Educação vem sofrendo podem inviabilizar o andamento das pesquisas.
“A partir desse próximo mês, os alunos que estão presentes na pesquisa vão deixar de ter bolsa. A universidade deixará de ter dinheiro para pagar água e energia elétrica. Então como é que nós vamos continuar qualquer pesquisa desse tipo, por mais importante que ela seja? Isso vai inviabilizar todo o processo que estamos realizando”, questiona.