Manufatura na China cai a menor índice na história e banco reduz projeção de crescimento do Brasil

O surto de coronavírus é um risco negativo para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, segundo o banco holandês Rabobank, embora a instituição mantenha sua projeção para o crescimento da economia brasileira neste ano em 2%. No entanto, para 2021, o banco cortou sua previsão para a alta de PIB brasileiro de 3% para 2,5%.

O Rabobank afirma que o componente da confiança na economia pode ter queda considerável e deixar uma base menor para o crescimento de 2021.

Segundo o banco holandês, a velocidade com que o coronavírus está se espalhando ‘hipnotizou os mercados e desencadeou outra aversão a risco nesta semana’. Apesar da desvalorização do real, que tem registrado recordes nominais a quase R$ 4,50 no valor comercial, não deve haver uma pressão inflacionária no país.

O Secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, um dos principais auxiliares do ministro Paulo Guedes, afirmou nesta semana à GloboNews, depois da confirmação dos primeiros casos da doença no Brasil, que o coronavírus deverá levar à revisão na estimativa de Produto Interno Brasileiro (PIB).

Adolfo Sachsida explica que a Secretaria de Politica Econômica monitora três fatores. O primeiro é o canal da demanda brasileira, que é o quanto o mundo está crescendo e o quanto este crescimento pode ser afetado pela epidemia.

Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu em 0,1 ponto percentual a estimativa de crescimento da economia mundial para 2020.

O segundo aspecto monitorado é o da oferta: a dificuldades que os produtos chineses usados por empresas brasileiras para produzir têm de chegar ao país, uma vez que a China, o principal fornecedor do Brasil, está sob impacto intenso do covid-19.

O terceiro fator é o preço dos commodities no mundo, já que o Brasil é um grande exportador destes insumos, como minério de ferro. A queda dos preços afeta os ganhos do Brasil.

A atividade do setor manufatureiro na China caiu a um mínimo histórico em fevereiro, em plena desaceleração da segunda economia do planeta provocada pelo novo coronavírus, anunciou o Bureau Nacional de Estatísticas (BNS), segundo informações da France Press.

Pandemia

A Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou para “muito alto”, o maior possível, o risco mundial da epidemia de Covid-19, a infecção causada pelo novo coronavírus. A agência de Saúde da ONU disse que há, além de China, casos registrados da doença em outros 50 países.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, no entanto, ainda rejeita o uso da palavra “pandemia”.

“Nossa decisão sobre usar a palavra pandemia para descrever uma epidemia é baseada em critérios sobre a disseminação do vírus, a severidade da doença que ele causa e o impacto em toda a sociedade. No momento, não estamos testemunhando uma disseminação sem controle do vírus e não estamos testemunhando grandes casualidades ou mortes. Que esse vírus tem potencial de se tornar uma pandemia? Com certeza, ele tem”, afirma Adhanom.