Cidades
Ex-presidente da Agecom diz que Operação Sofisma é perseguição política
Investigado na Operação Sofisma pela Delegacia Especializada em Repressão a Crimes Contra a Administração Pública, o ex-presidente da Agência Goiana de Comunicação (Agecom, atual ABC), o jornalista João Bosco Bittencourt afirmou em nota que está sendo vítima de uma “terrível violência”. A operação, deflagrada na quinta-feira (23), apura fraudes na contratação e superfaturamentos de contratos assinados a partir de 2014 entre a Agecom, Detran e empresas especializadas em comunicação digital.
Bittencourt acusou o governador Ronaldo Caiado (DEM) de perseguição porque ele foi assessor de Imprensa de Marconi Perillo. “Ação de perseguição orquestrada pelo governo Caiado porque fui assessor de Imprensa do então governador Marconi Perillo”. O jornalista ressaltou que o atual governo está “constrangendo os críticos do governo” e “intimidando adversários e jornalistas”.
João Bosco diz ainda que leu o processo, mas não encontrou “nenhuma imputação válida de crime” contra ele, a mulher e o filho. “Criminalizaram minhas opiniões e ideias. A acusação que me fazem é de arquitetar matérias críticas ao governo Caiado. Isso não é crime”, respondeu por meio de nota.
A justiça autorizou busca e apreensão em 17 endereços dos jornalistas Cristiano Silva (Blog 24 horas); Cleuber Carlos (Blog do Cleuber Carlos), de Luiz Carlos Alves e sua mulher Eni Aquino (Canal Gama); dos ex-diretores da Agecom, João Bosco Bittencourt e sua mulher, Maria Regina, além de Luiz Siqueira e o jornalista Danin Júnior; e dos ex-diretores do Detran, João Furtado e Manoel Xavier. Também autorizou busca nas agências de publicidade Invento Comunicação e Marketing, Espaço Nobre Comunicação e Marketing e Logos Propaganda.
Confira a nota na íntegra:
Estou sendo vítima de uma terrível violência, cujo ápice se deu na última quinta-feira. Fizeram uma operação de busca e apreensão em minha casa. Antes, grampearam os celulares de minha mulher, meu filho de 19 anos, que tem Síndrome de Down, e o meu, como se neles fosse possível encontrar algo criminoso.
Junto com meu advogado, li e reli o processo todo, cujo acesso somente foi facultado ontem. Não encontramos nenhuma imputação válida de crime contra mim, minha mulher e meu filho.
Criminalizaram minhas opiniões e ideias. A acusação que me fazem é de arquitetar matérias críticas ao governo Caiado. Isso não é crime. Violentaram o princípio da inviolabilidade do sigilo da fonte, assegurado aos jornalistas pela Constituição. Está claro que é uma ação de perseguição orquestrada pelo governo Caiado porque fui assessor de Imprensa do então governador Marconi Perillo. Constrangem os críticos do governo e intimidam adversários e jornalistas.
Confio na Justiça de meu Estado, até agora induzida ao erro por uma retórica moralista. Com a verdade haverá a reparação de meus direitos de cidadão, feridos nessa operação. Temo por novas violências e armações, não só contra mim, mas contra todos que por um acaso esbarrem nos interesses dos atuais detentores do poder em Goiás. Estamos diante de um estado policialesco e perseguidor, que não se ocupa dos reais anseios da sociedade.
Apelo a todas as pessoas de formação democrática à união neste grave momento para defender a liberdade de imprensa e combater o coronelismo.