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Brexit pode trazer oportunidades para o Brasil, dizem autoridades
O Reino Unido deixará oficialmente a União Europeia no dia 31. A expectativa de autoridades brasileiras é que o chamado Brexit possa trazer oportunidades para o Brasil. Com o fim de benefícios para países europeus, outros mercados podem, de acordo com autoridades entrevistadas pela Agência Brasil, ganhar espaço na região.
“O Brexit tem riscos porque mudam as regras alfandegárias, mudam as regras tarifárias, mas tem também oportunidades potenciais porque se abrem espaços em áreas como a agrícola, na qual somos competitivos”, diz o ministro-conselheiro da Embaixada do Brasil no Reino Unido, Roberto Doring.
Apesar da saída da União Europeia, o Reino Unido passará por um período de transição até o final de 2020, no qual seguirão valendo as atuais regras de viagens, negócios e relações comerciais. Durante esse período, as duas regiões vão firmar novos acordos que passarão a reger a relação entre eles em diversos setores.
“O Reino Unido importa, para que se tenha ideia, 50% de tudo que consome em termos de alimentos e bebidas. Do que importam, 60% vêm da União Europeia. Um Brexit que signifique de fato uma redução dos fluxos de comércio entre União Europeia e Reino Unido abre espaços que podem ser ocupados por países como o Brasil, que são competitivos juntamente nessa área de alimentos e bebidas, no agronegócio em geral”, destaca.
De acordo com dados de 2018 do governo britânico, cerca de 4% dos alimentos consumidos pelo Reino Unido vieram da América do Sul. Os desafios de ampliar esse mercado, de acordo com Doring, são grandes e, em cenário pós-Brexit, exigirão o conhecimento de novos formulários, novas regras alfandegárias, entre outras questões logísticas.
Para ajudar o setor privado brasileiro, a embaixada lançou a plataforma Brazil Brexit Watch, em português, Observatório Brasileiro do Brexit que consolida informações sobre possíveis mudanças que possam afetar o setor privado brasileiro, especialmente os segmentos exportadores.
Educação
No ensino superior, o Brasil também pode ganhar espaço no Reino Unido, de acordo com o representante da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Patricio Marinho. “Acho que o Brexit fez com que as universidades britânicas olhassem para outros mercados, por assim dizer, além da Europa. Acho que abriu bastante os olhos das instituições do Reino Unido para a América Latina, para outros parceiros em potencial”, diz.
Marinho, que é coordenador de Parcerias Estratégicas no Norte Global e Oceania da Diretoria de Relações Internacionais da Capes, diz que o Brexit deve ser encarado como oportunidade. “Percebo que tem tendência muito forte de serem criadas novas parcerias graças ao Brexit, e o Brasil pode se beneficiar dessa abertura que o Reino Unido está dando além da Europa.”
No Reino Unido – que é formado por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte – estão importantes universidades, como a Universidade de Oxford, Universidade de Cambridge e Universidade de Londres. A região é a segunda que mais recebe estudantes no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, de acordo com o Universities UK, organização que representa 137 universidades.
Cooperação em pesquisas